cigarrada

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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Haja urbanidade e decoro! Estou inscrita na Unidade de Saúde de Faro desde 2008. Preenchi uns formulários. Indiquei o meu nome, data de nascimento, filiação, números disto e daquilo, contribuinte, identidade, etecetera. Guardei o comprovativo devidamente fotocopiado. A assistente operacional guardou o original de carácter probatório, tê-lo-á arquivado, antes, porém, carimbado e assinado. Procedimentos conducentes com um qualquer decreto em vigor. O meu nome ter-se-á, entretanto, transformado num número que terá ido parar a uma lista, que se transformou numa grelha por distritos, numa súmula do País, numa estatística do Ministério, num indicador do Eurostat, no ficheiro anexo do barómetro como sendo “um dos milhares de portugueses que carecem de médico de família”. Estamos em 2014 e se é de contas e de números que falamos, a pessoa em causa está inscrita há 6 anos. Como é bom de ver o meu apelido é Paciente. Margarida Paciente. Porque preciso de um médico e adquiro aqui o sinónimo de doente, utente? Não! Porque espero! Porque tenho muitaaaaaaaaa paciência. Há uma infinita quantidade de pacientes pacientes neste País. Quando lhes dói algo, queixam-se à vizinha. Põem gelo, untegos, pomadas “pomito lencarte” e cuspinho. Vamos lá ver se nos entendemos! A merda da crise afecta a saúde das pessoas!